sábado, 9 de outubro de 2010

O que me restou de ti

Das "coisas" que mais me orgulho de ter escrito, inspirei-me nas vezes em que me despedaçaram o "calhau" que tenho dentro do torax e transpus para o papel o ponto de vista que senti na altura.

Onde estavas tu quando eu tresmalhava em vão
Procurando-te?...
Quando no vazio do ar
Ecoava o meu choro,
Minha angustia e desconsolo.
Quando fechava os olhos e tentava criar um espaço,
Na esperança de os abrir e te ver chegar.
Quando no fim de tudo
Nunca te cheguei a encontrar!
Vi o teu vulto em tantas mil,
Mas era apenas a sombra do que o meu desejo reflectia...
Rasguei sonhos
Quebrei esperanças
Para vingar a minha alma fria
Só que, apesar de tudo
Ela manteve-se vazia

Matei-a!
Já não sofro
Cortei este meu apendice cancerigeno
Não sei mais o que é amor
Mas nunca mais sentirei dor.
Espero apenas...
Que não cresca em mim uma hera chamada paixão
Que me tire do aconchego
Da minha solidão
Pois não te quero reviver!

Revoltar-me-ei!
Irão sofrer mil vezes mais o que eu passei
Por terem caido na mesma cegueira que eu caí!
Por não encontrarem em mim o que não encontrei em ti
Por não te ter encontrado a ti!
Sim,
Tu que nos meus paranóicos delirios existias!
Não própriamente tu, mas A tu que eu amava em ti
e que só depois de morto vi que não havia!

Se hoje alguém procurar por mim,
O que irão encontrar no meio dos meus escombros
É a marca
E o negro
Da minha perdição
Porque agora sou um corpo
Que se tornou num porco
Que renega o coração!

Para a Catarina

Algo que divaguei quando ela foi para Cuba...

Batalha de fundo
No interior mais profundo
Contratempo
No teu pensamento
Enquanto passa o tempo
Existe confrontação
Entre ti
E a tua condição
Sorri
Levanta a cabeça
A atitude é essa
A meta é a partida
Nunca esquecida
Acredito que sofrida
Mas sabes que recompensada
O limite não é o céo
O limite não é nada
De mãos dadas unidos
Ou separados por oceanos
Somos a mesma família
Seremos os mesmos manos
Levanta o véu
Segue a tua caminhada
Ama o momento
E tudo o que te dá alento
Pois a ferro e fogo
Guardamos-te cá dentro
Voa e não pares
Percorre terras e mares
Somos um pedaço teu
Tal como tu uma de nós
E nos nossos corações
Ecoa a tua voz
E de tudo o que fizemos
Que veio a ser para ti
É porque andar não será começo
E correr não será o fim

To: Camões ... By: Myself

Estes pseudo-versos surgiram de um desafio mental de quando comecei a divagar sobre as obras de camões e sobre o quão complicado seria cumprir o seu esquema métrico e rimático.
Resultou nisto

Às armas e aos barões assinalados
Desta tão nobre terra
A todos os sentimentos tanto jurados
De todo o amor que findou em guerra
Por todos os caminhos rumados
De todos os amantes feridos
A todos os futuros perdidos

Porque é fogo que arde sem se ver
Todo o aventureiro demente
Sabe que é a amar e a sofrer
Que se tornará um dia gente
Mas quem já sofreu pode confirmar
Que não há melhor do que amar